IMUNOTERAPIA TRAZ NOVAS PERSPECTIVAS PARA CÂNCER DE PULMÃO
As áreas de imunologia e oncologia estão interligadas desde o século XIX, quando o cirurgião Wiliam Coley descreveu o caso de um paciente portador de sarcoma, em que uma injeção de bactérias aplicada no tumor, levou à redução de tamanho do mesmo. Desde esta época, avanços exponenciais no entendimento da intersecção entre o sistema imune e o crescimento tumoral levaram ao estudo de novas terapêuticas que já estão sendo utilizadas em vários tipos de câncer.
A base da imunoterapia está na premissa de que o sistema imune é primordial na sobrevivência e erradicação da malignidade, e que os tumores desenvolvem meios de escapar do sistema imune.
Os objetivos da imunoterapia se baseiam em ajudar no reconhecimento do câncer como estranho pelo sistema imune, estimular a resposta imune e liberar a inibição do sistema imune que permite tolerar o crescimento tumoral.
Historicamente, o câncer de pulmão era considerado como não-imunogênico, ou seja, no qual o sistema imune era incapaz de promover destruição tumoral. No entanto, nos últimos anos, foram realizados diversos estudos que comprovaram a ação de novas drogas imunoterápicas para este grupo de pacientes.
O estudo fase III chamado Checkmate-017, publicado em 2015, avaliou 272 pacientes portadores de câncer de pulmão, do tipo histológico carcinoma espinocelular, localmente avançado ou metastático, que haviam sido previamente tratados com quimioterapia e evoluíram com progressão de doença. Nos pacientes tratados com nivolumabe, ocorreu aumento na sobrevida global, sobrevida livre de progressão e taxa de resposta.
Com desenho similar ao anterior, foi realizado o estudo Checkmate-057, avaliando agora pacientes do tipo histológico não escamoso, que também mostrou resultados positivos em relação à sobrevida.
O estudo fase I Keynote-001, também publicado em 2015, avaliou 495 pacientes portadores de câncer de pulmão localmente avançado ou metastático, com positividade para expressão de PD-L1 (ligante do receptor de morte programada), sendo que a maioria havia sido previamente tratada com quimioterapia. Nos pacientes tratados com pembrolizumabe, o mesmo demonstrou atividade anti tumoral.
No Brasil, essas duas drogas (nivolumabe e pembrolizumabe) foram recentemente aprovadas pela ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária , sendo que esta última ainda está em processo de precificação pelo órgão.
Dra. Wanessa Apolinário Martins
Cancerologia Clínica
Fonte:
http://www.nejm.org/doi/pdf/10.1056/NEJMoa1504627